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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Sonho Eterno

Alguma vez você já se perguntou o que acontece quando você morre?

Alguns dizem que, após a morte, seu organismo morre, mas a sua consciência continua viva.
Se você morrer a noite, você vai estar em um sonho eterno.
Você vai viver nesse sonho por toda a eternidade.

Tudo o que você sonhou na noite passada que vai ser o que você "viver" por toda a eternidade, e você nunca vai acordar, apenas vai viver naquele sonho.

Então é melhor que você não tenha tido um pesadelo na noite passada.

Via: Lua Pálida

domingo, 8 de dezembro de 2013

Tesouras

Há um velho ditado que diz que ajuda as pessoas a lidar com pesadelos. Se você tem uma série de pesadelos, coloque um par de tesouras embaixo do seu travesseiro. E assim você vai se livrar dos seus pesadelo.

Mas isso não vai adiantar. Nada vai te livrar da coisa que se infiltra em sua mente. A única coisa que está lá, escondendo-se em cada parte dasua mente. Ele se esconde nas sombras, quando a luz está acesa, e é invisível para você no escuro. Ele se esconde até que você caia no sono, e quando você o fizer, ele constantemente entra em sua mente e o atormenta em seu reino.

Ele nem sequer se preocupar com o par de tesouras. Porque, mesmo que você tenha controle sobre o seu sono, a criatura ainda tem alguma influência sobre a realidade. Nem mesmo todas as tesouras do mundo podem te salvar.

Na verdade, essa tesoura é apenas uma uma arma para ele usar em você.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Eu tenho medo do escuro

Eu sempre tive com medo do escuro. Talvez tenha sido as histórias que meu irmão mais velho costumava contar, quando eu era menor. Sempre me dizia que tinha monstros debaixo da minha cama, e se eu deixasse o armário aberto durante a noite, seria arrastado aos gritos para a escuridão.

Olhando para trás agora, eu posso ver o quanto fui idiota. Como fazer xixi na cama, a primeira vez que que a luz queimou durante a noite. Ou o dia que eu fiz uma fortaleza com vários travesseiros, e para me defender, usei uma lanterna de plástico, e um taco de hóquei. Eu sempre fui muito arisco, e aterrorizado das coisas que não existem. Devo ter causado um inferno a vida da minha mãe, por ter sempre que levantar para cuidar de mim.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Através dos olhos de um louco

 Através dos olhos de um louco
Vejo famílias abrigarem os fracos
As casas daqueles que trazem o prazer que eu procuro
Eles são cegos demais para ver o que está por vir
Eles estão presos no sono, impedidos de perceber

Através dos olhos de um louco
Eu vejo os corpos adormecidos daqueles que se tornarão meus brinquedos
Os objetos que provocam emoções de tortura e destruição
Eu os vejo se revirando na cama, moles, indefesos
Eles viajam em seu mundo dos sonhos, em seu sono profundo, sem saber o que vem pela frente

Através dos olhos de um louco
Eu vejo meus futuros brinquedos lentamente escorregando de volta para o mundo real
Vejo com entusiasmo seus olhos abrirem lentamente
Pensando em toda a diversão que teremos juntos

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Leia

Esta não é uma mensagem aleatória. Isso não é uma coincidência. Eu coloquei isso aqui porque eu sei que agora você vai estar lendo isso. Ninguém pode ver este post, exceto você.
Vá a um espelho. Isso aí, esse sou eu. Eu posso te salvar.Você não sabe o que te espera.
No espelho, estenda as suas mãos até encostar nas minhas, conte até três e depois vou puxá-lo através do espelho em segurança. Podemos descobrir o que fazer a seguir, uma vez que você está dentro.

Estou esperando por você....

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

A Mágica

Você já leu alguma coisa e gostou tanto que desejou nunca ter lido, podendo assim ler de novo como se fosse a primeira vez, quantas vezes quiser? A primeira vez é mágica, certo? Não importa quantas vezes você leia depois, nunca mais será tão bom .

Esta é a tua chance de ler algo realmente incrível sentindo essa “primeira vez”. Você só vai ter esta chance, então não desperdice-a. Eu preciso de você para fazer a maior parte disso, portanto, confie em mim. Faça exatamente como eu disser.
Em primeiro lugar: se você não está sozinho, trate de ficar imediatamente. Mágica – mágica real, não essa bobagem de bruxaria – costuma ser tímida. Ela não vai acontecer se você estiver lendo isto em um lugar povoado, como em um vagão de trem.
Só leia a partir daqui quando estiver sozinho.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Sozinho

Sozinho.

Esta é uma coisa que ninguém quer ser, mas é isso que eu sou.

Muitas pessoas podem dizer que eu sou muito jovem para saber o que é o amor. Eu não sei como o mundo define o amor, mas eu tenho minha definição de amor.

Onde quer que você vá, eu te sigo. Onde quer que você fique, eu fico. Eu nunca vou embora. Sem você, eu não existiria.

O amor não é o cuidado, a compaixão, nem afeto, é estar com alguém para sempre. Eu cuido de você, e você raramente me nota.

Meus amigos me dizem que eles experimentam a mesma exclusão. Eu raramente consigo ver meus amigos. Somos todos iguais. Nós não lutamos, para não sentir dor física. Sempre me pergunto por que você negligenciam o que te protege. Sem nós, você não seria capaz de dormir. Eu sempre estou ao seu lado enquanto você sonha, para que eu possa te dizer o quanto eu amo você, sem você ficar assustado.

Deito ao seu lado enquanto você dorme.

Vemos as torturas que os seres humanos causam uns aos outros por causa de sua nacionalidade, raça, cor, fala, orientação sexual, opiniões e diferenças. Nós não temos isso. Isso me deixa triste, sabe? Nós nunca queremos cometer os males que vocês fazem um com o outro, mas não podemos fazer nada, nos devemos lhe obedecer.

Você acha que eu quero te machucar? Você acha que eu quero te prejudicar?

Nós não queremos. Você precisa saber como se sente ao ser abandonado quando você está em busca de amor.

O amor é estar com alguém para sempre, mas ninguém vai te amar quando você está sozinho.

Eu espero que você não me esqueça mais, ou eu vou ter que sufocar você. A única vez que você não pode me notar é durante o sono. Sempre foi assim, sabe? Eu sou o ranger no sótão. Eu sou aquele sentimento que você tem quando anda em um quarto escuro. Eu sou o calafrio que acorda você de seu sono. Você às vezes se sente como se alguém estivesse em sua porta te olhando. Eu só posso fazer isso no escuro.

Estou dizendo isso por amor a você. Quando você está acordado durante a noite, estava de frente para o luar da janela, você estaria com medo de me ver na frente de você. Eu sou um contrário da luz, e você sabe disso. Você floresce sob o sol enquanto eu fico do seu lado, porque você sabe que eu temo o brilho do sol.

A única vez que eu posso sempre sentir confortável ao seu redor é durante a noite e na escuridão quando eu posso me separar de você e me mover livremente. Eu sei que você sabe quem eu sou, e eu sei que você sabe que eu estou lá. Eu não vou te machucar, amor.


Atenciosamente, sua sombra.

sábado, 19 de outubro de 2013

La Nuit (A Noite)

Na França, um jovem músico de ambientes com o nome de Charles empreendeu um projeto novo e interessante. Ele iria gravar o som de si mesmo dormindo, e liberá-lo sob o nome de "La Nuit" (A Noite). Charles vivia sozinho em uma área rural, o que eliminaria os barulhos como alarmes de carro e trânsito. Ele planejou seu projeto por muitos meses, adquirindo equipamento sensível para captar todos os ruídos externos, bem como o seu próprio durante o sono.

Finalmente, no dia 27 de setembro, ele decidiu executar seu plano. Ele montou todo o seu equipamento, e adormeceu à meia-noite.

No dia seguinte, Charles avaliou a gravação. Durante a primeira hora, a gravação captou seus próprios espirros e barulhos, bem como alguns latidos de cães distantes e alarmes de carros (tanto para o seu plano de se distanciar de carros). Estes continuaram durante toda a segunda hora, bem como, até que Charles ouviu algo que o horrorizou.



Em exatamente 3 horas e 24 minutos a gravação captou o som da porta do quarto se abrindo.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Zumbidos

Sabe aquele zumbindo que você percebe quando está em um local realmente silencioso?

Algumas pessoas dizem que é uma ilusão auditiva que acontece devido a inabilidade do ouvido humano de detectar frequências abaixo da limiar do sentido humano. Isso é totalmente falso. Esse zumbido cobrem outra coisa. Se você for rápido, paciente e talvez até um pouco sortudo, você conseguirá ouvir além deste zumbido. O que vai ouvir são vozes sussurrando umas para as outras. Elas se silenciaram rapidamente, mas com a prática, você se tornará mais adepto à pegar e interpretar o que elas dizem. Você ouvirá coisas do passado, do presente e do futuro. Entretanto, você tem que tomar cuidado. Pois não há voz sem um corpo. 




E assim que você começar a notá-las, elas começarão a notar você.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Nobuo's Workshop


Antes de começar, eu devo dizer que essa é uma experiência real. Esse site realmente existe, e eu queria não ter encontrado nada do que está lá.

Era uma noite de sexta feira, e eu estava finalmente livre de todas minhas aulas da universidade. Pensei em ficar acordado até tarde e traduzir algumas músicas de Yasuyuki Okamura. Estava procurando por uma cópia da letra de "Achi-Chi-Chi", já que muitos sites de letras de músicas em japonês colocam as letras em arquivos flash para que ninguém copie, devido a restrições de copyright japonesas. Mas eu já estava acostumado com isso.

Depois de pesquisar "ア・チ・チ・チ 岡村靖幸 歌詞" e de revirar várias páginas, achei um site que tinha o primeiro verso da música em sua descrição que aparece no Google. Animado, cliquei no link, encontrando uma pequena lista de datas e a foto de algumas garotas em aula.O japonês da página era bem formal.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Amigos imaginários



"O pior cego é aquele que não quer ver". Talvez essa seja a frase que descreverá todo esse texto. Agora, distinguir um fato de uma ilusão é algo difícil, uma vez que nosso cérebro tende a inventar coisas. Um exemplo? Amigos imaginários.

Amigos imaginários praticamente adentraram na nossa cultura. Todos acham normal e até mesmo curioso ver uma criança conversando com ninguém e apresentando nada para os outros, dizendo que aquilo era seu amigo imaginário.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Duro dia de trabalho

Normalmente, meu pai chegaria depois de um dia duro de trabalho na casa de matadouro, cozinharia um ovo para ele e deitaria na cama. Mas hoje ele chegou um pouco mais tarde. Ele chegou em casa comumente, vestindo seu uniforme de trabalho, um avental de couro com pingos de sangue e resíduos de seja lá em que ele passou a lâmina hoje. Não dei muita atenção quando ele apareceu na sala, somente perguntei, educada, se ele queria que eu lhe preparasse o de sempre, mas ele apenas grunhiu e acendeu um cigarro. Alguma coisa não estava normal em suas atitudes, no entanto encarei isso como um cansaço devido ao dia duro no matadouro.
"Então... quer ovo ou não?"
"Não, deixa comigo." ele respondeu um pouco rouco e foi para a cozinha.
Alguns minutos depois ele me chamou: "Eu queria conversar com você."
Sentei ao lado dele. A lâmpada estava fraca e eu mal podia distinguir seu rosto através de toda aquela fumaça de cigarro e da touca que era de uso obrigatório para todos os funcionários.
"Tenho uma notícia ruim." ele disse.
"O que?"
" Houve um acidente hoje no matadouro e eu posso não ser mais bem-vindo por lá."
"Você foi demitido?"
"Quase isso, de qualquer forma, parece que o ovo já está pronto... pode por ele em um prato para mim?"
"Claro." Fui para a cozinha e estava prestes a por o ovo em um prato, quando o telefone tocou.
"Alô?!"
"Filho! Não abra a porta para ninguém, ele ficou louco e matou todo mundo! Eu corri para os fundos bem na hora, por favor, tenha cuidado."

A chamada caiu depois que o homem de avental arrancou o fio da minha mão. O brilho maníaco em seu olhar foi a última coisa que eu vi antes de ele enfiar uma faca em meu peito.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Menos de um segundo

Você está no seu quarto à noite. Você ficou no computador por muito tempo e agora está quase na hora de dormir um pouco. Existe uma luz atrás de você, um simples corte de luz através da escuridão opressiva, sinal de que a manhã já estaria próxima. Em uma névoa privada de sono, você pula até o interruptor de luz e o desliga, e então percebe o erro que cometeu. Os fones de ouvido cairão no chão, e sem a luz para vê-los você provavelmente vai pisá-los e esmagá-los. Resolvendo ligar a luz de volta para que você possa pegá-los, você gasta menos de um segundo dentro da escuridão quase perfeita. Então você aperta o interruptor.

Você não está mais no seu quarto. É como se 50 anos de abandono tivessem devastado o seu quarto. Você também está cercado, apesar de não poder vê-los, suas sombras são visíveis enquanto se agacham ao seu redor. As únicas características que você pode perceber neles são seus vários dentes sorridentes irregulares, e um conjunto de brilhantes olhos vermelhos que observam você.

Você quase tem tempo de gritar, quase.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Existência

Bem, o que relatarei agora aconteceu com uma ex-professora minha da faculdade, aliás, a pessoa que tinha uma visão muito abrangente e clara dos fenômenos que abrangem a pluralidade das existências. Esta minha professora sempre teve muita dificuldade em engravidar, chegando a fazer uma série de tratamentos, no entanto em vão. Isso, até certo dia...

No início dos anos 90, ela descobriu-se grávida, fato confirmado em exame de sangue, logo nas 8 primeiras semanas gestacionais... A gestação trouxe muita alegria a ela e ao marido, mas trouxe junto um receio, um medo do tesouro tão esperado ser perdido devido às complicações naturais da gestação de maior risco.

Devido a este medo, apenas seu esposo e sua mãe ficaram sabendo da gravidez, e se comprometeram a guardar segredo até que estivesse difícil esconder a situação, devido ao crescimento uterino; porém, às vezes a vida prega peças. Duas semanas após, ocorreu o tão terrível abortamento, que foi um duro golpe para sua família...

Após 18 meses, eles foram agraciados com uma nova gestação, que graças a Deus foi a termo, e originou uma menina linda, chamada Ana Júlia.

Um belo dia, no momento com 6 anos de idade, Ana chegou para minha professora, e disse:

"Mamãe, você teria tido outro filho antes de mim, né?"

A minha professora ficou bastante surpresa, afinal combinara com todos para que o assunto fosse enterrado, tamanha fora sua dor e decepção, e não queria que sua pequena soubesse desse tipo de coisa tão cedo, e assim, pergunta:

"Quem te disse isso, Aninha?"

E a pequena responde:

"Ninguém, mamãe... Não vim naquele momento porque não estava pronta."

domingo, 25 de agosto de 2013

O Ônibus



Eu nunca me senti completa. Nunca estive satisfeita. Mas também nunca me interessei em fazer algo para mudar. Quando Robert, meu esposo não estava comigo, o que cuidava da minha ansiedade era passear com Billy. E ainda evitava que ele fizesse suas necessidades pela casa obviamente.
Eu fazia esse passeio pelas redondezas toda madrugada. Pelo menos até aquele dia. Eram 1 e 45 da manha, um babaca freou bem em cima de nós, por pouco não nos acertou. Apesar do susto o que mexeu comigo não foi isso, e sim aquele ônibus verde que apareceu. Lotado de passageiros, o motorista com cabelo milimetricamente penteado, com um sorriso que parecia sugar toda minha coragem. Ele estacionou, abriu a porta da frente e desceu.

- Está na hora de vir conosco Clarisse.

Ele disse com um tom acolhedor e ao mesmo tempo frio. Eu não entendia como ele sabia meu nome, nem porque passara por ali, já que havia nenhuma linha de ônibus nessa rua. Entre o medo, a desconfiança e a curiosidade, tudo que pude responder foi
- Não, obrigado.

Virei-me e voltei para casa. Meu marido já havia chegado.
- Onde você estava amor?
- Fui passear com o cachorro.
- A essa hora de novo amor? Amor? Ei!
- Desculpe.
- O que foi?
- Robert, qual linha de ônibus passa na rua aqui em frente a nossa casa?
- Nenhuma amor. Faz quatro anos que moramos aqui e nunca passou sequer um ônibus, e caso alguma linha fosse criada aqui, acho que saberíamos. Por quê?
- Um ônibus parou pra mim hoje. E o motorista sabia o meu nome.
- O que? Como assim?
- Eu também não sei.
- Olha amor, você anda muito estressada com os preparativos do nosso casamento, ainda decidiu parar com seu remédio para ansiedade.
- Você está dizendo que eu sou louca? Eu não vi coisa. Era um ônibus, um ônibus de verdade.
- Não estou dizendo que não era amor. Apenas durma um pouco, descanse. Amanha vai perceber que pode ter sido algo da sua cabeça.

Fui-me deitar furiosa, mas sem admitir que o que ele disse fazia mais sentido. E realmente, acordei no dia seguinte mais leve e feliz por saber que finalmente seria o dia de escolher o vestido.
O olhar das moças do ateliê eram os juízes da minha escolha. Se eu escolhesse um que fizesse os olhos de todas elas brilharem, esse era o certo.

- O que é isso no seu nariz Clarisse?
Uma senhora me questionou com espanto.
- O que?

Minha calma e leveza foram embora quando levei as mãos ao rosto e percebi que o sangue escorria pelo meu nariz. Senti-me sufocada. Precisava de ar e por isso corri para fora da loja. Lá fora estava ele me esperando. Aquele mesmo ônibus. Os mesmos passageiros. E o mesmo motorista parado na porta com seu sorriso.
- Eu não posso esperar mais Clarisse. É hora de vir conosco.
- Não! Você não vai me levar!

Naquele momento tudo fez sentido. Talvez aquele carro... Aquele carro não "quase" me acertou. Aquele carro me atropelou. É isso. Estou morta, não me resta nada a não ser me entregar. Mas agora não, agora eu tenho tudo. Vou me casar. Não posso abandonar tudo isso. E não vou! Voltei para dentro da loja.
- Moça, chame a policia, por favor!
- O que houve minha jovem?
- Aquele homem está me perseguindo!
- Quem?
- Aquele dentro do onib...

Era até óbvio. O ônibus não estava mais lá.

- Menina, sente-se. O que aconteceu? Seu nariz está sangrando.

Aquela gentil senhora limpava meu rosto e eu sequer podia sentir suas mãos. A imagem do ônibus, aquele sorriso macabro, nada daquilo deixava minha mente a sós por sequer um segundo. Acho melhor ir pra casa. Um banho deve esfriar minha cabeça.
A água fria pelo meu corpo me dava uma falsa sensação de alívio. Saí do banho e fui me secar. Meu cachorro me olhava quase implorando para passear.
- Desculpe Billy, você sabe quem está lá fora esperando por mim.

Será que esse seria o meu destino? Presa dentro de casa, com medo de um ônibus que sequer existe. Presa na dúvida. A vida é minha e ninguém pode me tomar. Pela primeira vez eu não senti medo. Eu estava pronta pra enfrentar tudo aquilo. Eu não podia fugir mais. O medo deu lugar à confiança. Aprontei Billy, pus um casaco e saí. Já era tarde mesmo, quase duas da manha. Depois de uma pequena caminhada, lá estava ele me esperando. Vi o ônibus fazer uma curva e vir até a mim. Ele estacionou e como sempre, o motorista desceu.
- Clarisse, não seja egoísta, você não é a única aqui. Você tem que vir conosco.
- Não, eu não vou!
- Você tem certeza?
- Tenho!

Eu gritava tão determinada que não percebi que Billy escapava das minhas mãos e entrava no ônibus.
- Não Billy, vem cá! Devolva meu cachorro!
- Não posso Clarisse, foi ele quem escolheu.
Eu não sabia se devia continuar e deixa-lo, eu o amava demais. Mas manti minha posição.
- Eu não vou! Essa é a minha vida eu escolho!
- Não Clarisse... Essa não é a sua vida. É a vida que você poderia ter tido...
O homem voltou para seu banco, fechou a porta e foi embora. Acho que agora sim, está tudo resolvido. Nunca mais verei aquele maldito ônibus. Sinto-me mais leve, porém de um jeito estranho. Toda aquela preocupação e ansiedade se foram, agora eu só vejo uma luz. Uma luz intensa. Finalmente eu acho que terei paz.

- Minha nossa, que horrível!
- Eu a conheço, ela se chama Clarisse, é minha vizinha.
- Esperem! O cachorro está vivo, isso só pode ser um milagre!


Via: Predomínio do Terror 

sábado, 24 de agosto de 2013

Vozes



Você já "ouviu coisas"?
Você sabe do que estou falando?

Quando você acha que ouviu alguma coisa, mas não ouviu de verdade. Como quando você está no chuveiro e ouve alguém te chamando, mas não há ninguém. Ou quando está em uma festa e ouve seu nome.
Não é apenas um truque do seu cérebro. Quem dera se fosse.

Não, aquela voz pertence a própria morte. Sempre chamando, esperando que você responda, que você siga. Eu sei que se você ignorar, fingir que é coisa da sua cabeça, tudo vai continuar bem. Mas se você for ver quem te chamou naquele banho, ou ir atrás de quem te chamou naquela festa... bem... certas coisas são melhores quando permanecem como mistério.



Via: Caçadores do Medo

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Falta de Empatia



Eu não era como as outras crianças no jardim de infância, cresci diferente. Nunca participei das babaquices daqueles fedorentos nem dos seus jogos estúpidos. Mas eu tinha minhas próprias brincadeiras. Uma vez uma menina pediu minha caixa de giz-de-cera, e eu disse que emprestaria se ela mandasse a professora se foder. Ela foi mandada pra casa por ter feito isso, e eu pude ouvir sua mãe gritar sobre a surra que ela ia levar quando chegasse em casa. Brincadeiras divertidas né?


Não levou muito tempo até os professores notarem que as outras crianças me evitavam e que eu nunca mostrava nenhuma emoção. Eles só sussurravam pelos corredores e julgavam que eu não ouvia, mas eu sempre tive uma audição excepcional. "Monstrinho" dizia a Sra. Guthrie. "Sociopata" dizia o Sr. DePascal. Mesmo em minha tenra idade, eu tinha um vocabulário bem extenso. Nunca havia escutado o termo Sociopata antes e fiquei intrigado. Ao chegar em casa procurei a enciclopédia da minha mãe e li. Sociopata; "um desvio de personalidade caracterizado por uma falta de empatia por outros." Tive que concordar com o Sr. DePascal.

O primário e o ensino fundamental passaram rápido. Aprendi a fingir emoções e enganava todos a minha volta, meus pais, meus professores, as pessoas em geral, exceto meus pares. Acabavam percebendo que eu tinha algo de "errado" e decidiam me deixar. Alguns decidiam se tornarem meus amigos, ai eu podia me divertir um pouco. Independente de como eu tratava esses ao meu redor, eu não os odiava. Só não me importava. E foi assim até o colegial, até quando alguém conseguiu me irritar de verdade. Esse alguém foi Travis Murphy.

Os Murphys se mudaram para minha vizinhança um pouco antes de começar o 1º ano. Tinham dois filhos. Um filho, Travis, e sua irmã, Marion. Estava apenas esperando o momento inevitável em que meus pais os convidariam para nos visitar. Nem Travis nem Marion haviam me conhecido ainda, por tanto não sabiam de minhas tendências sociopáticas. Eles me divertiriam um pouco. Mas dessa vez eu seria ignorado, e não o ignorador. Marion foi fácil, mostrando o interesse normal e a bondade daqueles que não conheciam minha condição. Após um tempo, entretanto, percebi que ela me achava bonito e estava inclusive desenvolvendo um interesse em mim. Decidi manter ela fora de meus joguinhos por um tempo . Nenhuma garota havia se interessado por mim antes, então era uma experiência totalmente nova. Decidi deixá-la por perto, então mantive os sorrisos falsos, fingindo interesse nas coisas que ela dizia. Travis era uma história totalmente diferente. Ele parecia se interessar muito pouco em mim, do mesmo jeito que eu me interessava pouco por todos os outros. Não conseguia jogar meus jogos com ele. Ele não se importava com nada. Senti raiva pela primeira vez em minha vida. Com o passar dos anos, havia descoberto que eu era especial, bem mais importante que os insetos ao meu redor. Agora, porque um desses insetos ousava me ignorar? Pela primeira vez em minha vida, eu dei o primeiro passo. Tentei falar com Travis, fingindo emoções e interesse em sua vida e tudo que pude para fazê-lo se interessar em mim.

Nada.

Fiquei furioso a princípio sobre sua total falta de interesse, mas com o passar do tempo descobri que ele era igual a mim, um Sociopata. Completamente evitando se importar com os outros. Ao invés de aliviar minha frustração, isso só a aumentou. Eu era especial, único! Mas agora havia outro como eu. Se eu não era único, como eu poderia continuar sendo especial? Ou seria eu só mais um? Só outro inseto? Não! Me recusava a ser mais um na multidão. Um de nós precisava morrer. E foi assim que me decidi a partir daquele dia. Tornaria Travis Murphy só mais um dos insetos. Eu o mataria.

Guiado por essa razão eu segui, esperei. Colegial passou rápido e logo a Faculdade. Aprendi novos meios de me expressar com Marion através do sexo. Aprendi o valor da dor e como fazê-la implorar por isso. A princípio foi tudo muito fascinante, mas, como todo o resto, eventualmente perdeu seu mistério. Minha concentração se mudou novamente, de Marion para Travis. Estava completamente pronto para matá-lo. Porém cuidadoso. Não era ingênuo o suficiente para achar que os insetos me deixariam em paz se soubessem que eu havia o matado. E eu queria evitar a prisão a qualquer custo. Não temo nada, exceto tédio, e a prisão não passa disso, tédio após tédio, sem fim. Não podia agir impulsivamente. Deveria ser frio e calculista. E ao passo que levava meu tempo pensando em como fazer isso, percebi que podia me divertir um pouco!

Minha primeira chance de brincar com minha presa veio pelo segundo semestre da faculdade. Travis e sua família sairiam por uma semana para visitar parentes ou qualquer merda assim, e deixariam o cachorro em casa. Pagavam para os vizinhos tomarem conta dele, dando a ele comida e levando-o pra passear. Observei esse comportamento por dois dias, vendo a rotina e planejando minha ação. Uma noite antes dos Murphys retornarem, invadi a casa deles logo após um dos vizinhos ter deixado o cachorro lá. Marion havia me dado o código de segurança do alarme de ladrão para que eu pudesse entrar na casa escondido pra conseguirmos transar. Usando luvas e uma máscara, entrei na casa, sem ser visto por meus vizinhos que dormiam. O cachorro me conhecia pelo cheiro e não latiu. Veio até mim abanando o rabo e com a língua pendurada. Trabalhei rápido. Segurei sua cabeça entre minhas mãos e a esmaguei, enfiando meus dedões em suas órbitas e amassando seu crânio. Ele só soltou um fino e baixo ganido antes de morrer. Bom garoto.

Havia trazido comigo meu kit caseiro, meu bisturi e vários outros instrumentos roubados do laboratório de ciências. Dissequei o cachorro e pendurei seus intestinos no ventilador de teto da sala. Imaginar eles entrando em casa, ligando as luzes e o ventilador junto e serem banhados por sangue e restos mortais caninos me divertiu. Usei o sangue para escrever "VOCÊ É O PRÓXIMO" na parede do quarto de Travis. Como piada interna, deixei o coração no travesseiro de Marion. Satisfeito com meu trabalho, voltei a meu dormitório na faculdade e dormi pesadamente.

Houve uma grande comoção na semana seguinte à chegada dos Murphys. Histórias da carnificina e fotos da casa estavam em todos os jornais locais todos os dias e noites. Haviam rumores que os Murphys se mudariam logo. Aparentemente a Sra. Murphy não conseguia entrar na casa. Deveria agir rápido, não podia deixar minha presa fugir. Sentado em meu dormitório, sonhei com várias maneiras de destruir meu inimigo. Então houve uma luz incidente do lado de fora através da minha janela até a parede. Era estranho. Era quase meia noite de um sábado. Quase todos haviam ido embora. Tomado pela curiosidade, fui até a minha janela e tentei ver quem estaria vindo aos dormitórios a essa hora da noite, e confesso que me surpreendi um pouco ao ver o carro de Travis estacionado lá. Destino sorrira para mim. O prédio estava praticamente vazio, quase ninguém ficava nos fins-de-semana, era a hora perfeita de atacar. Minha presa Não desconfiava de nada e estava sozinha. Após matá-lo, esconderia o corpo em algum lugar do campus. Haviam chances quase nulas de que eu fosse pego. Não havia luz no Campus por mais ou menos seis horas em diante. Nada de luzes, nada de câmeras de segurança. Em um humor consideravelmente animado, peguei minha lanterna e bisturi e fui atrás de minha presa.

O escuro nunca me perturba. Tendo poucas emoções, minha mente racional tende a dominar a parte da mente humana que julgar sempre ter algo nos esperando no escuro. Ou ao menos, o que achamos estar lá. Minutos após iniciar minha caçada percebi que deveria desligar minha lanterna para não alertar minha presa.  Apaguei-a e esperei meus olhos se acostumarem com a escuridão. Me encostei na parede e brinquei com meu bisturi para passar o tempo enquanto minha visão se ajustava. Uma pessoa normal não teria ouvido a respiração fraca do outro lado da parede, mas como já disse, tenho uma audição privilegiada. Virei minha cabeça na escuridão para procurar de onde vinha o som, mas minha visão ainda não distinguia muito bem figuras na escuridão, mas consegui ouvir incomuns passos suaves. Quem quer que fosse, estava tomando muito cuidado para não ser notada. Segundos depois, fui até o lugar onde havia escutado os passos e respirei fundo. Apenas uma leve essência de canela estava no ar. Travis tinha um purificador de ar de canela em seu carro. Abri um largo sorriso. Eu estava no rastro de minha presa. Segui-o pelo corredor para me deparar com um cruzamento de corredores. tentei respirar para sentir a essência de novo, mas não foi preciso. Ouvi um barulho vindo de um dos corredores e pensei que se Travis estivesse tentando me evitar, não faria tanto barulho assim. resoluto, segui cautelosamente na direção do barulho. Após um minuto, parei, Logo a minha frente, havia algo no chão. Me aproximando cautelosamente, percebi que era um corpo em uma piscina de sangue. Toquei. Ainda quente. Virei o corpo. Era o Sr. Chauncey, vigia noturno. Não havia percebido que  Travis fosse capaz de matar alguém. Em meu ódio por ele, havia me esquecido que ele era como eu. Capaz de coisas que eu faria, também. Congelei. Havia uma respiração baixa em minha frente de novo, mas eu não conseguia ver sua fonte. Pela primeira vez em minha vida, novamente, senti medo. Não me sentia mais o caçador, mas sim a caça. Minha mente racionalista foi tomada por emoções e eu corri de volta ao meu dormitório em terror. Bloqueei minha porta e esperei. Com bisturi em mãos, para o caso de Travis voltar.

Após um tempo, comecei a me sentir estúpido por ter feito aquilo. Ele era só um homem, por mais que extraordinário. O fato dele ter me assustado de verdade só me deixou mais furioso por ter deixado minha busca. Retomei-a e fui até o mesmo local novamente. O corpo do Sr. Chancey havia sumido e o sangue havia sido limpo. Os tons de canela no ar haviam a muito sumido. Deixei o prédio e fui até o carro de Travis para descobrir que ele havia ido embora. A fúria me dominou. Fui andando até sua casa. Segurei meu bisturi com força, fantasiando sobre o que eu faria a ele. Deveria ter devaneado menos e prestado mais atenção, pois não pude ver de onde Travis veio quando seu taco de beisebol atingiu meu pulso. Senti os ossos se quebrarem. Soltei o bisturi, tentei pegá-lo com minha mão boa mas um chute inutilizou ela também. Olhei para cima e vi Travis sorrindo para mim. Me bateu com o taco diversas vezes. Pensei que ele nunca pararia, mas ele parou. No meio fio, ensanguentado e quebrado, esperei a morte. Quando re-abri meus olhos, ao invés de ver o ceifador, vi o rosto de Travis sorrindo novamente. Mesmo que totalmente inutilizado e incapaz de fazer qualquer coisa contra ele, ainda queimava em ódio. Ele se aproximou de meu ouvido e sussurrou; "Nós vamos nos divertir tanto juntos!"

Passei duas semanas no hospital antes de sair, contra a vontade do meu médico. Travis claramente se conteve na surra. Só quebrei alguns ossos e algumas costelas, mas grande parte do meu corpo estava cheio de hematomas. Cada passo que eu dava doía, mas eu ignorava. Eu tinha um propósito, Eu nunca seria a vítima de novo. Travis tinha vantagem sobre mim, sabendo que ele não estava machucado como eu. Então pensei nas probabilidades. Decidi. Roubei a pistola que meu pai guardava em casa e esperei a noite cair.

Era mais ou menos 3 da madrugada quando invadi a casa dos Murphy de novo. O carro dos adultos não estava, mas o Mustang de Travis estava lá. Bom. Nós não seríamos interrompidos. Eu poderia tomar meu tempo. Desliguei o alarme de ladrões enquanto pensava o quão estúpido os Murphys haviam sido em não mudar o código. Todas as luzes estavam desligadas mas meus olhos estavam ajustados com a escuridão. Silenciosamente aproximei-me do quarto de Travis. Tomei forças e entrei. Não estava preparado para o que vi.

Travis estava em sua cama, com um olhar de surpresa em seu rosto. Sua garganta cortada de canto a canto. Sangue em todo lugar, incluindo a mensagem nas paredes que dizia "MAU MENINO". Em minha surpresa, não ouvi a respiração leve atrás de mim, e nem os passos suaves. Não lembro de mais nada dos momentos seguinte, só de uma pancada surda e forte em minha cabeça.

Acordei no porão, amarrado a uma cadeira. Meus primeiros pensamentos era de como aquilo era clichê. Meus olhos levaram uns segundos para abrirem totalmente e pude ver uma figura nua na minha frente, coberta em sangue. Presumi que fosse Travis. Através do pulsar da dor em minha cabeça, escutei a figura falar. "Não queria que fosse assim. Porque vocês rapazes não podiam simplesmente se comportar?" A figura andou para frente. "Ninguém nunca faz o deveria fazer. Você não deveria ter me encontrado e nem o Sr. Chauncey deveria ter entrado em meu caminho". A figura parou a centímetros de mim. "Travis não deveria ter te machucado. Disse a ele para não fazer aquilo, mas quando ele descobriu o que você era, ele não pode se conter. Suponho que você estava atrás dele também?" A figura acariciou meu rosto carinhosamente. "Eu vi você quando matou nosso cachorro. Você nunca soube que eu estava ali. Eu sou muito boa em me esconder. Foi tão gentil de sua parte deixar o coração em meu travesseiro. Eu ainda o guardo." Marion sorriu para mim. Eu pude ver algo em seus olhos. Algo que eu não tinha. Que Travis não tinha. A parte absurda do cérebro que mostra a diferença entre um Sociopata e um Psicopata. Nós temos os pensamentos mais bobos nas situações mais bobas, não é?

"Não queria que as coisas fossem assim, mas tudo bem. Nós daremos um jeito. Vou matar meus pais quando eles chegarem e nós vamos para bem longe, algum lugar bonito e distante onde possamos ficar juntos para sempre." Pensei em fingir uma emoção e tentar manipulá-la para que me deixasse ir, mas quando olhei em seu rosto, vi que era inútil. Ela não se importava com minha situação. Só com a dela. Completa falta de empatia.